BURNOUT

Paulo Passos

Psicólogo Clínico

Braga / Portugal


BURNOUT

 

O burnout é um massacre causado em espaço profissional e por este reforçado.

É um mal laboral e existe.

 As pessoas estão adoecendo, a par das que já estão.

Urgente purgar.

 

PROJECTO

 

1| Intento

Criar a consulta de Psicologia Clínica para todos os trabalhadores da ULS de Braga, que a solicitem, por motivos inerentes à vivência de burnout.

 

2| Definição

O burnout, ou síndrome de esgotamento profissional, é uma resposta prolongada ao stress (de tendência à cronicidade) cuja etiopatogenia mais não é do que a introjecção do ambiente laboral.

 

3| Justificativa

Já há alguns anos, com maior incidência nos últimos 3, que se tem verificado procura de ajuda esclarecedora, por trabalhadores, cujas queixas se enquadram no registo de burnout.

São débitos…

… de ansiedade, depressão, desmotivação, instabilidade do estado de ânimo, irritabilidade, desregulação emocional, desespero, dificuldades de concentração, lapsos mnésicos, limitações na tomada de decisões, estranheza de identidade, perda do sentido de propósito, desconfiança, isolamento, diminuição na capacidade útil de gestão mental, perturbações de sono e de alimentação, alterações na função sexual, fadiga constante, cefaleias, ...  Num conjunto insatisfatório de existência e de existência profissional, com o sentimento de aprisionamento nesses sintomas, e paralisação por inércia e negligência desses sintomas e das queixas, no terreno institucional.

E mais débitos…

… dominam as verbalizações dos sentimentos massacrantes de injustiças (desigualdades, bizarrias em classificações de serviço, secretismos geradores de suspeição, segregação de trabalhadores, de horas extraordinárias atribuídas a “eleitos”, do abandono da meritocracia,  de incompreensíveis progressões, de nomeações a jeito de interesses, de subalternização travestida de qualidade, de discriminação negativa para uns e positiva para outros, de incumprimentos regulamentares, de ausências de respostas e desamparos comunicacionais, de condenação ao abandono de direitos, da ausência de crítica e auto-crítica, de malabarismos opinativos, de retórica (pálida) de conveniência subjectiva, de difusão de responsabilidades, de promoção de reféns…)… enfim, um vastíssimo leque de queixas e desencantamentos cujo resultado é a exaustão e, consequentemente, a instalação de um quadro clínico esgotante e consonante com o burnout. O elevadíssimo prolongar de tempo em desinformação e inclusão e com vãs esperanças de modificação, condenarão o sujeito à vitimização pela injustiça, onde o receio da retaliação é o sentimento dominante e impeditivo de actuação devida.

E ainda mais débitos…

… um dos grandes promotores de prejuízo laboral (qualidade e quantidade) é a insatisfação causada pela desarticulação (gestão distanciada) e falta de consciência, pela parte das cúpulas, que deveriam ser, igualmente, elementos da mesma equipa institucional que navegam na mesma embarcação, onde o discurso narrado e o discurso vivido devem viver em sobreposição e consonância. A desmotivação, está sequencial aos danos de gestões egocêntricas, impuras na igualdade e com subjectividades e discriminações nas formas de lidar – “les uns et les autres”.

E, mais uma vez, os débitos…

… o acesso, imediato e com solução célere, às estruturas de topo (com obrigatoriedade de cumprir e fazer cumprir os títulos regentes), sem espera exaustiva e infrutífera, por conveniências quaisquer, a selecção da competência, o reconhecimento devido, o chamamento da meritocracia, o recrutamento dos critérios protegidos legislativamente, a abolição do sofrimento ético…, são condições para o extermínio dos sentimentos de injustiças e, consequentemente, para o alívio dos colapsos (emocional; cognitivo; identidade; social; físico) e das matrizes sintomatológicas que os sustentam, o que facilitará a evolução terapêutica que se exige na garantia ao bem-estar de direito de todos os funcionários, em prol de um ambiente profissional centrado na articulação entre os intentos ergonómicos (relação, satisfação e produção).

Que seja… a recuperação da motivação (esta dependente da assolação da injustiça).

Que seja… em vassalagem absoluta para com a LEI.

 

4| Objectivos

Criar a consulta de Psicologia Clínica relativa ao burnout, na ULS de Braga.

Esclarecer sobre burnout.

Identificar sinais e sintomas.

Melhorar o estado mental e convocar o restauro psicológico dos profissionais.

Promover a auto-regulação da motivação e reajuste laborais.

Evidenciar o real equilíbrio institucional.

Afincar o trabalho útil.

Fomentar a participação colectiva e o espírito integrativo.

Canalizar esforços para conjugar a relação/satisfação/produção.

Meritocrizar a institucionalidade.

 

5| Filtragem

À consulta têm acesso directo todas as pessoas (trabalhadores da ULS de Braga) que sejam selecionadas, após exame psicológico efectuado com material adequado e complementar à observação clínica, em pesquisa para identificação da patologia em questão.

 

6| Organização e operatividade

Apresentação do projecto.

Enquadramento desta consulta no âmbito da Saúde Ocupacional, ajustada à, eventual, documentação formal nacional, no que concerne à protecção e promoção da Saúde Mental em espaço laboral.

Estipulação de tempos semanais para a realização da filtragem e da consulta.

Sessões operativas grupais.

Numa primeira fase (6 meses) a consulta é efectuada por um psicólogo clínico, podendo ser alargado, na base do que o tempo balizará.

Numa fase inicial e de experimentação, as consultas serão efectuado pelo psicólogo clínico signatário deste projecto, no gabinete que lhe está destinado, no edifício do Largo Paulo Orósio em Braga, com suporte administrativo da secretaria que, actualmente, sustenta a Psicologia Clínica.

As sessões grupais serão efectuadas em locais a estipular, para facilitação e minimizar deslocações aos intervenientes.

Futuramente poderá ser criada uma equipa alargada, composta por um jurista (sustentação jurídica) e um médico de MGF, motivados para integrarem o assunto em que este projecto se mobiliza.

Criação de panfleto (on-line) para divulgação intra-institucional.


7| Prevenção

Dinâmica de grupo: sessões grupais de sensibilização sobre a doença a todos os grupos profissionais (CA e chefias).

Identificação precoce das matrizes sintomatológicas.

Avaliação psicológica precoce.

Acessibilidade aos procedimentos terapêuticos.

Vigilância.

 

8| Avaliação

Ponderação sobre o número de exames e de casos clínicos será ponderado o ajuste devido, dos períodos de consulta e/ou sessões operativas grupais.

Ponderação sobre eventual lista de espera, que deverá ser tão próxima da inexistência quanto possível.

Ponderação da reestruturação do número de técnicos da equipa.

Elaboração do relatório clínico e epidemiológico completos.

 

Braga, 30 de Maio de 2025

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CACAREJO É CORO

UMA ARREDOUÇA

RECOMENDAÇÕES DE UMA PSICÓLOGA DE FAMÍLIA